terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Nara Leão: artista essencial da bossa nova


Fotos: Reprodução/ Site naraleao.com.br

Se viva, a cantora de A Banda e O Barquinho completaria 70 anos em 19 de janeiro
Ela era chamada de "musa da bossa nova", mas, na realidade, quando viva, e ainda hoje, representa muito mais do que um título que parece evidenciar mais sua beleza do que talento. Mais do que isso, Nara Leão foi intérprete fundamental para a história da música brasileira e uma das precursoras da bossa nova.



Nascida no Espírito Santo, foi morar no Rio de Janeiro ainda criança com os pais, um advogado e uma professora, além da irmã Danuza Leão, que mais tarde se tornaria reconhecida jornalista e escritora. Nara ganhou seu primeiro violão aos 12 anos e, além de estudar com o músico Patrício Teixeira, começou a trocar figurinhas sobre o tema com Roberto Menescal, que estudava no mesmo colégio que ela. Logo, ela passou a estudar na Academia de Violão de Menescal e Carlos Lyra.
Durante o ano de 1957, Nara reunia seus colegas de música em sua casa, encontros considerados como "embrião da bossa nova". Nomes como Billy Blanco, Carlos Lyra, João Gilberto e Ronaldo Bôscoli passaram pela residência da cantora. Dois anos depois, Nara estreou nos palcos no show "Segundo comando da operação bossa nova", realizado na Escola Naval, e onde entoou as canções Se é tarde me perdoa e Fim de noite. Profissionalmente estreou em 1963, no Rio de Janeiro, quando cantou com Carlos Lyra e Vinícius de Moraes no espetáculo Pobre Menina Rica. No mesmo ano passou a se apresentar em programas de tv e iniciou a gravação de seu primeiro disco.

A voz doce e encantadora de Nara deu vida às canções de compositores Carlos Lyra, Vinicius de Moraes e Baden Powell. Em sua estreia, ela procurou se afastar de seu rótulo de cantora de bossa nova. Um ano mais tarde, concede entrevista anunciando ruptura com o gênero e seus compositores.

Durante a carreira, Nara gravou mais de vinte discos, entre eles, Opinião de Nara, que tornou-se inspiração para o espetáculo musical Opinião, além de O Canto livre de Nara e Nara Pede Passagem, que trouxe à tona novos compositores, como Jards Macalé, Paulinho da Viola e Chico Buarque. É de Chico, inclusive, uma das composições que apresentou no Festival de Música Popular da Rede Record, em 1966, a música A Banda. Com ela, tornou-se vencedora do festival ao lado de Disparada, de Geraldo Vandré. O compacto lançado com a canção foi sucesso nacional.

Manhã de Liberdade, Vento de Maio Coisas do Mundo foram outros trabalhos que marcaram sua carreira. Além dos álbuns solos, participou do disco coletivo Tropicalia ou Panis et circenses, do disco 5 na bossa, com Edu Lobo e Tamba Trio, e outros projetos especiais. Em 69, anunciou o fim de sua carreira e se mudou para a Europa com o marido Cacá Diegues. 

O ano de 1970 marca o nascimento de sua primeira filha, Isabel, e de seu retorno a música, quando gravou um álbum duplo com vinte e quatro canções do período da Bossa Nova. Em 71, ela e sua família voltaram a morar no Brasil. Da década de 70 até o último ano de sua vida, gravou mais de dez álbuns. Nesse meio tempo, Nara teve mais um filho, Francisco, e cinco anos depois se separou de seu marido.

Nara emplacou ainda carreira de atriz e apresentou programas na TV. Entre outros fatos marcantes, a cantora impulsionou a carreira do cantor Fagner, participando inclusive de seus shows. Em 1973, voltou a estudar, terminou o segundo grau, e entrou no curso de Psicologia.

Em 1979, descobriu ter problemas de saúde e ainda assim continuou na ativa com sua carreira. Nos dez anos seguintes, marcaram sua carreira o fato de ter lançado um Compact Disc, o primeiro de um artista brasileiro; participou das comemorações dos trinta anos da Bossa Nova, em 1988; e lançou seu último disco, My foolish heart, no ano seguinte. Nara realizou seu último show no Pará, na ocasião de uma turnê pelo Norte do país. Faleceu em junho de 1989, aos 47 anos, vítima de um tumor cerebral inoperável.

Se viva, a cantora de "A Banda" e "O Barquinho" completaria 70 anos neste 19 de janeiro. Em memória da cantora, sua filha lançou um site, onde compartilha a obra da mãe, da cronologia da carreira à parte de seu repertório, que pode ser ouvido escutado na web, sem baixar. Em tributo a cantora, o espetáculo musical Nara, que estreou em abril de 2010, deve voltar aos palcos ainda no primeiro semestre.

Fonte: Tempo de MulherPostado por Cristina Rastafári

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Noticias recentes

Slide de noticias